sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Nós e o Nosso Complexo de Inferioridade

Começo por dizer que sou orgulhosamente angolana, o que me confere não apenas legitimidade, mas também o dever de falar sobre isto – sim, acabei de inventar tal lei; o ser humano possui o direito e a moral de criticar o país de origem, bem como os seus patrícios sem que estes lhe caiam em cima.

Posto isso, passo a confessar que muito me entristece a doença de que padece parte dos angolanos, eu diria africanos em geral ,mas como não tenho imunidade com os outros países, fico-me só por Angola.

Fomos propriedade portuguesa durante muito tempo, isso é um factor a levar em conta, é certo que não podemos esquecer os anos de guerra colonial e civil, compreende-se que num país com tantos recursos naturais se forme uma espécie de elite que retém grande parte dos bens; tudo isto contribui para uma sociedade com baixa auto-estima.

Mas, o que também compreendo e mais me intriga, é que os doentes não são aqueles que presenciaram a guerra e cujo lhes foi imposta submissão.
Os mais combalidos são os que passaram algum tempo, estudaram ou mesmo cresceram no exterior e hoje voltam para Angola.

Nunca desvalorizando o nosso esforço, não posso deixar de me exprimir acerca de algo que me parece inegável, importante, e do qual aparentemente não queremos falar. Refiro-me ao sentimento de que nunca somos bons o suficiente, de que os brancos são sempre superiores, de que uma empresa boa é composta maioritariamente por brancos, um “bom partido” tem B.I. amarelo, um bebé bonito é de certo mulato, para sermos educados temos que forjar um sotaque português....... (sabemos que esta lista podia ir para sempre).

É impressionante, nós somos os primeiros a fazer esse tipo distinções.
Antes de nos diminuírem, já nos colocamos em posição inferior.

Mais uma vez, escrevo isto porque me entristece e estou farta de ouvir “as tias” dizer para arranjar um homem que não atrase a raça, estou farta de ver amigas minhas “atrás de filhos com caracóis”, estou muito farta de ver TPA com aquelas senhoras quase a partir o maxilar para serem finas, etc.

Manos, foi um caminho tão longo e sofrido, porquê que não conseguimos agora honrar isso?
Para quê lutar tanto tempo por igualdade, se agora somos nós que não nos conseguimos sentir á altura?

16 comentários:

  1. Antes de mais nada parabéns! Sem duvida que tens razão no que dizes, apontaste o problema criticaste o problema sugeriste algumas causas, mas no entanto não apontaste nenhuma solução... mas como sou teu amigo vou te dar, a solução parte de 1 mudança de mentalidade não dos angolanos de base mas sim dos angolanos negros de topo pois as acções deles que influenciam as massas, isto e cabe aos angolanos bem posicionados mostrarem que tem orgulho de onde vem invés de tentar esconder misturando-se entre brancos e mulatos pois o exemplo que dão a quem se encontra em baixo e tem perspectivas de subir e que mulatos e brancos são sinonimo de sucesso e ser negro sinal de fracasso, os negros influentes tem que se manter fiel a sua tradição, nomes de origem se não pouco a pouco angola vai perdendo identidade o que já se passa basta olhar para o quadro de dirigentes do nosso pais.. não tenho nada contra brancos nem mulatos, concordo com as deslocações de população por volta de todo o mundo, imigrar e 1 instinto básico do ser humano a busca de melhores condições, concluído o papel de mudança vem dos angolanos negros com sucesso pois as decisões que eles tomam tem reprecucoes na vida da maioria que e povo...

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  2. Lislinda Santos, sem dúvida que é uma iniciativa que merece o respeito e o apóio de todos os que realmente refletem sobre esta temática, portanto, antes de mais, queria felicitar-te por esse feito e por ter essa honra de expressar as minhas ideólogias nesta página em aberto. E de facto uma doênça colectiva em que os mais afectados são os pobres de espírito, presos na mediocridade influênciados pelos pensamentos das massas.

    Inoque Miguel Ambriz

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  3. Amigo Adam loll obrigado pelo comentário e sim, concordo ctg quando dizes que o exemplo deveria vir de cima,quanto aos nomes, bem isso já é outra história.
    No tempo da escravatura, o que menos importava eram os nossos nomes tribais, para nos edentificar,foi nos atribuido o nome da familia para quem "trabalhavamos".
    É por isso que me chamo L. Lisboa Santos
    Não sei o aconteceu com a tua familia para ainda teres o nome lindo A.Cambundo. Era fixe tentares saber...:)

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  4. Foram séculos de colonização, séculos de inferiorização racial, séculos de domínio branco é normal que isso ainda esteja enraizado nas pessoas e ainda vai estar durante algumas gerações acredito. As revoluções mais demoradas são sempre as revoluções das mentalidades. A mim parece – me que qualquer mudança significativa tem que passar por um plano educativo. Ou seja estimular o brio da negritude , da africanidade, da angolanidade desde cedo ás crianças. Na cresce e na primária. Dar-lhes auto –estima falando da historia de negros gloriosos, negros vencedores, . Cimentar verdadeiramente nas crianças um Orgulho Negro. Senão for o governo a criar este plano educativo, que seja a sociedade civil, associações organizadas, activistas etc. Não há nação sem auto-estima e não há nação sem identidade. E a identidade angolana é negra e africana jamais será branca e ocidental, é isso que se tem que dizer aos miúdos nas escolas e fazer com que eles se orgulhem de Angola, de África e da negritude.

    KL

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  5. Oh Please. You need to sort out urself love lol
    nway sem brincadeiras ... Tens realmente razão naquilo que escreveste mas aquilo que se verifica hj em dia e a maior parte das x's já não vai de encontro ao que dizes. Os negros já se valorizam bastante e muitos deles não se comparam sequer aos caucasianos , isto, pq como é obvio tem orgulho daquilo que sao.

    Keep up the gd work mate

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  6. Seguindo a minha linha de pensamentos, há questões que convém serem colocadas e apesar das respostas por vezes serem complicadas de as dar. vendo o nosso panorama histórico, desde os tempos remotos até aos dias mais sangrento da nossa existência, o povo Angolano na sua maioria vive aprisionado num mundo fechado com uma mente sem capacidades de projecção para um mundo mental saudável,com capacidade de ser o actor principal da sua própria história, com isto, as desculpas são sempre apontadas para o facto de que nós somos negros e por mais que tente-mos nós livrar dessa escravidão mental não passará de um acto ilusório.
    Angolanos onde é que para a nossa dignidade? ja pararam para pensar que na constituição antropológica universal somos todos iguais mais no que toca ao ADN somos todos diferentes e com capacidades de sermos autonómos? talvez essa questão não lhe pareça nada pertinente, mais, o facto de sermos todos diferentes, é sinal de que cada um tem de ser o actor principal da sua própria história e assumir a sua propria identidade como um ser orgulhoso pelas caracteristicas dadas pelo criador. Já está mais do que na hora de assumir-mos as nossas responsabilidades e deixar-mos de ser méros apaixonados pelas actitudes, crenças, cor, de que os outros dispõem.

    Há de facto pessoas que tem vergonha de serem o que são devido a preconceitos e os conceitos de beleza estabelecidos pelos mídia. please tenha dó de ti próprio, cada um é um ser único. Como disse a Lislinda Santos, há pessoas vítimas desse preconceito de que negro com negro é atrasar a raça,hahahaha, já ouvi inúmeras vezes e é triste ouvir isso, é um sinal de como ainda há gente sem os seus ideiais bem enraizados, chegando a conclusão de que sentem-se inferiores pelo facto de ter um tom de pele mais escuro.

    Agora vejamos, se realmente não gostares de ti quem gostará? Se não te amas, como chegarás a amar o proximo? Lamento dizer isso, mais é a realidade nós principalmente Angolanos, vivemos perturbados com o que somos dando o entender que não queremos ser o que somos. Burrice? Medo? O que será?

    Este é um assunto que ao meu ver poderia ser comparado ao racismo entre étnias, algo que nunca vai acabar, por isso esta mentalidade há de continuar viva no interior do Angolano. Seriam necessárias sucessivas terápias mentais para tirar do coma a dignidade do Angolano. Vivemos adormecidos num sono profundo onde o proprio despertador dos 500anos chicote não foi suficiente para despertar a exência da vida.

    Tenho preguiça de parar de escrever porque essa mentalidade é irritante. Em vez de estarem preocupados com os novos capítulos das porcarias de novelas que nós sao dados aos pontapés a toda hora nos principais canais televisivos, deviam eram tentar deixar de ver as coisas como um teatro e passar esse tempo a fazer algum estudo que de certo é muito mais elucidativo. como dizia O grande Malcom X, "a inteligência não só esta no conhecimento empírico mais tambem no conhecimento conceptual através de estudos com base em livros".

    E como digo, eu Inoque Ambriz, tenho prazer em perder algum tempo a estudar, pelo simples facto de a minha ignorância não sair mais cara do que o tempo perdido nos livros.

    Podemos não dispor de uma liberdade absoluta, mais, a liberdade relactiva que permite identificar onde começa a nossa e onde termina, logo, indica que um corpo pode ser aprisionado mais nunca uma mente foi e nem nunca será aprisionada se assim desejar-mos porque todos dispomos da mesma capacidade tanto na projecção de pensamentos, imagens como na retenção de experiências vividas. Logo, vamos lá acordar para a realidade dessa vida que é demasiada curta.

    Esse mundo é doentio, e os débil não tem capacidade coeitados, e começam a ter esses preconceitos que arrastam até a último dia do batimento cardíaco. A verdade é que os infectados por esse simdroma, não so estao em angola mais sim em todo o universo.
    Inoque Miguel Ambriz

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  7. LOL
    MAIS ................. Angolaaaa aiuéee ahahahah desculpa mas tive que comentar ! lol Atitude com C ? lol

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  8. E tu ? Não é EDENTIFICAR É IDENTIFICAR !

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  9. ah Paulo só me fazes rir. Lis..este teu blog está uma maravilha. Os teus temas também. Isto que escreveste é muito real na nossa banda. Na televisão então.. ficam afinar até não sei aonde. E outra, o nosso povo só pensa, que só os mulatos tem capacidades, e sé eles trabalham nos melhores trabalhos.. porque para nos "mulatos tem facilidades". Coisa mais feia, digo eu. O próprio angola, precisa acreditar em si, no seu potencial, e parar de achar que para viver bem precisamos ser mulatos. Isto só ira de mudar, quando a nossa própria mentalidade mudar. Vou parar por aqui, porque a cerca de isto, há muito que podemos dizer, se me entendes.

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  10. INRIQUECER?
    lol depois admiram-se que o Paulo goze....
    Bem,estou a adorar o blog,e obviamente que este assunto tem muito pano para mangas...
    Para mim,é apenas uma questao de atitude e mentalidade,pois as más acçoes(e pensamentos) ficam para quem os pretica.
    Sou a favor do nosso `orgulho Africano`, mas ensinar sobre os grandes negros da história em portugal deve ser um pouco dificil....lol para dizer o minimo. Em relaçao ás fofas que quase partem o maxilar a afinar na TPA,TPA2 e ZIMBO,a explicaçao é simples,se optassem por alguem com qualificaçoes para o cargo em vez da prima,conhecida, namoradinha etc,toda a gente ficava a ganhar,em especial a populaçao com menos formaçao que aprendia a nao assassinar a gramatica.... bj grande ana

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  11. Ohh pessoal..então deixem-se la disso, comentem a vontade, se tiver algo mal escrito toda a gente percebe, isto não é nenhuma prova de português e mesmo se fosse, quem seria o professor? Ainda não ví ninguém a corrigir que não tenha ele próprio um erro no texto...por isso comentem a vontade o assunto em discussão, isso é que é importante. :)

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  12. Muito obrigado Inoque, basicamente concordo contigo, principalmente quando dizes que a escravidão mental é a de mais difícil alforria.

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  13. Olá mana obrigado pelo comentário (tava a ver k nunca + sua irmã desnaturada)...
    concordo ctg sim, mas gostava de te ver a comentar mais, que fosses ao fundo da questão que é o "nosso" complexo de inferioridade. O k achas disso? bjooo

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  14. A Ana tem toda a razão mas o que é facto é que as coisas não vão mudar, sempre funcionou assim e vai continuar a funcionar.... O Ministro escolhe para secretária a irmã da mulher que por sua vez escolhe para ajudante o primo da amiga, o irmão da vizinha e por aí fora... DEVIAMOS ERA REVOLUCIONAR ANGOLA... LOOOL Puro mangoléeee .. Olha moça este blog vai dar kurukutecaaaa hahahahah

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  15. Olá Lis…
    Gostei do teu blog e da maneira frontal como analisas as questões…
    Admirei a maneira de contornares as referências aos erros ortográficos…
    Sobre isso acrescento que : Com as alterações da língua Portuguesa e acordos estranhos por falta de “tesão” dos Portugueses , adicionando a isso um ensino deficiente e mais importante ainda, o contacto com várias línguas diferentes é natural todos darmos erros ortográficos , dizer o contrário é ser MENTIROSO e o mundo está cheio desse tipo de pessoas…
    Mas o que pode ajudar-te é escreveres os textos no Word com o corrector ortográfico activado e depois copiares e colares no artigo do blog… Mas digo que nem o corrector é perfeito…e quem o é?....
    Quanto aos “pretos abrancalhados”, esse é um problema antigo e complexo que os colonizadores nos criaram e nós aceitamos de joelhos e com fé…Afinal nas caravelas vinha um padre…E esse padre mostrou-nos um deus branco ,anjos brancos, etc… Em cerca de quinhentos anos de colonização Portuguesa, a repressão e a máquina de propaganda colonial, fizeram os negros sentirem-se inferiores e servis fazendo-lhes acreditar que mesmo no paraíso seriam criados dos brancos…
    O que espanta é que pessoas educadas, formadas e viajadas, foram aprender lá fora apenas os modos capitalistas de consumo e queiram fazer tudo a imagem do deus branco… E a sociedade vê isso como casos de sucesso…
    Travar essa luta de maneira coerente e justa, não será fácil e exigirá muita audácia dos protagonistas…
    Em África compramos tudo, moda, democracia, carros, mulheres claras, etc… Por isso pergunto:
    -Até que ponto estamos nós a ocidentalizar África?
    -Será a ocidentalização de África o melhor caminho?
    -É verdade que o ocidente produz riqueza material, sucesso, mas quantos usufruem dessa riqueza?
    O deus branco na terra, também tem o seu lado negro, porém o brilho da sua majestade e dos seus grandiosos feitos fazem os fracos ter vergonha da sua negritude…
    Termino com as palavras de alguém:”NINGUÉM TEM O DIREITO DE SE SENTIR SUPERIOR À OUTREM, A MENOS QUE ESSA PESSOA SE CONSIDERE INFERIOR”…
    Os nossos aplausos de joelhos ou não à chegada das caravelas, mostra bem como nos sentimos…
    ALBERTO MONTEIRO

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