segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Casamento entre Pessoas do Mesmo Sexo e o Direito De Adopção por esses Casais.

Foi ao ler uma das edições da revista Focus, que me deparei com uma frase escrita a negrito cujo podia ler-se o seguinte: “Gays impedidos de dar sangue”.Na mesma página encontrava-se então o corpo da notícia e a respectiva discussão por parte dos leitores.
Apesar de inconstitucional e só há pouco admitida pelo ministério da saúde, trata-se de uma notícia real. No acto de doação, é feito um inquérito ao candidato afim determinar se este é ou não um dador de risco(no que toca a DST`s como o HIV). A orientação sexual “certa” é crucial. Isto faria sentido não fosse pelo facto de que estatisticamente os “grupos de risco” não são os homossexuais mas sim heterossexuais na casa dos vinte, e de que todo o sangue é obrigatoriamente testado antes de qualquer administração.
Posto isto, fico com uma dúvida: Em que se baseia esta regra?

Somos um Portugal de raiz católico-cristão, os nossos valores culturais direcionam-nos para o casamento e procriação, a homossexualidade é sem dúvida algo que desafia profundamente a nossa educação. A simples aceitação pública foi complicada e gradual. Criaram-se mitos de dificílima dissipação porque o conceito de homossexualidade foi, e é, por efeito do hábito, coadunado a promiscuidade. Ser-se promíscuo, aos olhos do Deus cristão, significa levar uma vida de pecado, neste caso, o da luxuria; o mais grave dos sete vícios capitais e do qual se extrai preverção suficiente para se perder o lugar no paraíso eterno.
Todavia, estamos com os pés em 2010, já a maioria de nós vê (genuinamente ou não) a homossexualidade como algo natural. O mesmo não acontece quando se fala de casamento entre pessoas do mesmo sexo; é aqui onde o preconceito é transposto por um conflito maior.


O casamento como o conhecemos, monógamo e heterossexual, foi criado pelo Catolicismo e só então tornado instituição e regulado pelos governos - O chamado casamento civil. As condições deste contrato muito pouco diferem das ideologias cristãs; a união deve ser entre pessoas de sexo oposto, adultério é algo punível e procriação é o objectivo principal, seguindo-se a partilha de bens, etc.
Durante séculos, o casamento não passou de isso mesmo – um contrato feito entre famílias tendo como finalidade o benefício mútuo, fosse este monetário ou social. Na maior parte das vezes os noivos em questão estavam, como é de se esperar, longe de sentir amor um pelo o outro.
Amor, passou a ser um requisito essencial para se casar há relativamente pouco tempo.
Com a possibilidade de regulamentação do casamento gay, os “protectores” da instituição, temem assistir a mudanças radicais na ideologia; este deixará de ser exclusivamente heterossexual e o “tal” objectivo principal deixará de ser a multiplicação. Em adição, a percepção do homossexual como um ser monógamo não é fácil.
Em primeira análise, parece obvio que procriar não pode ser o objectivo de um casal em que ambos são do mesmo sexo, a verdade é que procedimentos como inseminação intra-interina e vertilização in vitro, são já, muitas vezes por infertilidade, uma realidade de muitos portugueses. Isto guia-nos então para o próximo assunto em discussão- Adopção por parte de casais homossexuais.

Imaginemos que um grupo de casais gay, uma vez em pleno exercício de direitos básicos como liberdade e igualdade (em situação de cônjuge),decidem lutar pelo direito á adopção.
O tema da adopção, é de longe mais delicado e complexo do que o do casamento, na medida em que deixa de ser apenas um julgamento moral sobre a escolha de dois adultos, para se reflectir então sobre a vida e desenvolvimento de terceiros (as crianças a adoptar).
Logo, estas questões nem sequer deveriam estar a ser discutidas em simultâneo, como se de uma só se tratasse. O que foi, estrategicamente, feito pelos “defensores do referendo”.
Há países em que o casamento gay é legal sem que a adopção o seja, e há países em que a legislação “chegou” primeiro á adopção, e só depois á união de facto.
É frequentemente argumentado que uma criança separada dos pais biológicos, padecerá de certos traumas e, em muitas situações, de baixa auto-estima, consequentemente pode ser muito penoso para o mesmo, ter de crescer e conviver com o estigma de ser filha/o de homossexuais.
Põe-se também a questão das “figuras modelo”. Certas pessoas defendem que o desenvolvimento normal de uma criança passa, necessariamente, pela sua interacção com uma figura masculina e outra feminina. Sendo ambos os educandos do mesmo sexo, a noção de homem/mulher é desenvolvida de forma distorcida ou mesmo errática.
Apesar das leis actuais proibirem a adopção por parte de casais do mesmo sexo, estas podem ser facilmente contornadas. Suponhamos que me encontro numa relação gay e logo, não posso adoptar juntamente com a minha companheira, nada me impedirá de adoptar “sozinha” e viver, cuidadosamente, com a minha nova família. Igualmente, não há nada que me impeça de engravidar por inseminação artificial ou contratar uma barriga de aluguer.
Presumo então, que neste momento, e apenas sem a protecção da lei, existam já inúmeras famílias “gay”, e não me parece que estatisticamente, as respectivas crianças se desenvolvam de forma menos saudável do que os crescidos dentro do modelo de família convencional, somente por serem filhas/os de homossexuais ou mesmo criadas por mãe e avó, pai e avô, mãe e tia, apenas mãe, pai etc.
E afinal, como podemos nós, por um lado, desejar igualdade, aceitação e progresso se, por outro, concordamos de forma quase unânime que uma criança adoptada por homossexuais será estigmatizada? Por quem exactamente? Estigmas, somos nós, adultos, que os criamos e perpetuamos. As mudanças começam com um e são seguidas por quem, do mesmo modo, realmente quer mudar.

9 comentários:

  1. Sim, não acredito que todos os homossexuais tenham comportamentos de risco, ou melhor, que os comportamentos de risco dos homessexuais sejam superiores aos heterossexuais, logo é preconceito. E o que mais me assusta é que isto não acontece apenas em Portugal, assim como em outros países europeus, como exemplo em um país europeu, gays não poderem doar esperma.

    Em relação ao casamento penso poder ser uma questão dúbia (que não necessita de ser). O casamento tal e qual ele foi criado, ok, é só para casais heterossexuais, mas qd o casamento se torna regulado pelo estado, em um estado que garante igualdade de direitos e oportunidades a todos, o casamento tem obrigatoriamente de ser alargado a todos os casais na minha opinião.

    Tb acho piada aos protectores da moral e dos bons costumes, metem sempre o bedelho nas coisas que não lhes dizem respeito (ou seja que não contribui para "as suas felicidades").

    Em relação à adopção, para quem não tem nada... ter dois homens ou duas mulheres não vejo mal, pior seria se ficar numa instituição. Estigma?? É a sociedade que cria, os paizinhos das outras crianças q o desenvolvem. O tema da adopção é como o aborto, toda a gente o pode fazer, mas sem o estado saber.

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  2. Relativamente ao facto de nao ser aceite sangue por parte de um Homossexual como devem calcular tudo isto e fruto de uma sociedade preconceituosa.

    Quanto ao casamento Homossexual nao ha mt mais a acrescentar uma vez que o mesmo ja foi aprovado. No entanto, todos aqueles que o praticam continuam a ser de certa forma segregados pela sociedade. Apesar do momento em que o casamento e' regulado pelo estado e o mesmo visa a liberdade de opcao e escolha pelos membros da sociedade NAO PODEM criticar ou proibir pessoas do mesmo sexo de o fazer. Ha, pois e' !

    Adopcao ? Nao sou de todo a favor e por variadas razoes. Uma criança separada dos pais biológicos, padecerá de certos traumas e, em muitas situações, de baixa auto-estima, actualemente vivemos numa sociedade cruel mesmo no que diz respeito as criancas e nesse sentido, pode ser muito complicado para uma crianca integrar-se em qualquer actividade devido ao facto de ter pai's do mm sexo.

    As “figuras Masculina e Feminina”: Que contribuem para o desenvolvimento normal de uma criança. Como e' o'bvio nao quer dizer com isto que um casal homossexual nao saiba tratar de uma crianca com amor e dedicacao simplesmente sao situacoes dificeis e mt complicadas... Fico por aqui ... Nao consigo escrever mais Maria, estou cansado e com sono ahaha

    P/s - o meu teclado nao esta para PT por isso e que nao ha mts acentos, cedilhas e por ai...

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  3. concordo plenamente com o luis.. acho que os direitos teem que ser iguias para todos!

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  4. Adorei o blog mana, nao sabia que tinhas tal dom da palavra, tou mt orgulhosa lol gosto do teu ponto de vista em relação a este ''universo de hipocrisia'' que existe em Portugal e outros países, a tua visão sobre o tema, mostra que apesar de se falar em direitos iguais, apesar de se GRITAR que ''Qd o sol nasce, nasce para todos" vive ainda nos coraçoes daqueles que dão voz ao povo, um triste preconceito, ao qual se dá o nome de Bom Senso ou Moralismo.

    E isso dos homossexuais nao poderem doar sangue por serem um grupo de risco nas DST's acho que n merece atençao sequer porque fora as crianças, estamos tds sujeitos a DST's a partir do momento que nao tomamos precauções.

    Na adopção entao é que esta um belo enigma: Será que a familia ideal depende da sexualidade dos pais ou da educação que estes investem nos seus filhos, preparando-os para um mundo real ou para um universo de hipocrisia? De facto isso influencia na vida dos filhos k podem vir a ser frustrados, podem sentir-se diferentes por terem pais do msm sexo etc mas hoje em dia n é preciso muito para as crianças e adolescentes se sentirem diferentes,qd nao nascem diferentes...procuram ser lol penso que o mais importante é ter uma familia, um lar, criar laços, raizes... mas isso nao ha de importar aos "excelentissimos"
    mas o problema é que eles nao podem entender de lar, laços ou raizes porque vivem a base de interesses.
    Isto tudo é apenas a prova do quanto sao injustos,hipocritas e ignorantes mas o pior ta pra vir porque n se trata apenas de falsas moralidades, hoje em dia somos todos vitimas de um principio activo de nome "crise de carácter". Como diria o meu nigga Chullage "Os homens só serao iguais ,quando poderem ser diferentes" One love!

    Lislinnda rules!!! kiss: symocosta

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  5. Olá migs!
    Antes de mais tenho a dizer que adorei o teu blog e que o teu texto devia ser lido por muitas pessoas para que cada um possa olhar para si e pensar o que realmente pensa sobre o mundo em k vivemos, sobre a nossa sociedade.
    Quanto ao facto de serem rejeitadas as doações de sangue e de esperma de homossexuais, enfim é completamente preconceituoso,baixo e triste. Sinceramente não entendo o motivo pk tanto os homossexuais como os hetero têm relações sexuais, por isso o risco não tem nada a ver com o facto do parceiro ser do mesmo sexo ou do sexo oposto.Isto choca-me imenso.
    Quanto ao casamento homossexual,já foi aceite e ainda bem, uma vez que somos pessoas livres ng tem k obrigar ng a casar com kem não ker só para ser "socialmente aceite" .
    No k toca à adopção, confesso k considero um assunto delicado.Concordo k o k uma criança necessita é de amor,carinho e atenção,mas por outro lado penso k a sociedade em k vivemos é ainda muito cruel e o censo comum é ainda o k prevalece, o k provavelmente levará ao sofrimento da criança.
    O k essa mundo precisa é k as pessoas tirem as máscaras e deixem de ser os falsos moralistas k são, acredito k kdo isso acontecer tudo ou pelo menos kuase tudo será diferente.

    MUAHHHH:Sü Palma

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  6. A liberdade ao estremo contida nessa sociedade doentia acarretam graves problemas. Isso é sem duvida o expoente mais alto do cúmulo da aberração humana.

    O mundo esta a virar ao avesso e os dirigentes acompanham simplesmente a sua estrondosa evolução, e nós na plateia vimos o absurdo sem ter muito que fazer. Os seres humanos continuam a pensar, mas, pensam cada vez menos. De facto, isto é um assunto que nem merecia a atenção dos poderes jurídicos, mas como os partidos de oposição são de manteiga e os membros dos próprios partidos são de tal forma também cambada de Gays, levaram a cabo ao tribunal constitucional e como resultado, o Homem, já e possível atirar um bouquet para outros doentes que anseia pela sua vez de subir ao altar (que palhaçada). No início julgava não passar de um acto ilusório mas hoje todos os que estão no coma psicológico acordaram e até se acham no direito de criar mentes saudáveis como os de nossas crianças. Se a liberdade levou-os até esse ponto, a minha liberdade leva-me até ao ponto de dizer que SER GAY É ESTAR DOENTE, e quando chega ao ponto de casar, ai está em coma, podendo se dizer que o cérebro atingiu o estado vegetativo, BIPOLOU DE VEZ.

    Será que os principais responsáveis por este acto maléfico ainda não pensaram nas consequências de um casamento gay e na sua possível adopção?
    Que dizer das gerações futuras?
    Já pensaram que se essa moda continuar por largos anos, o ser humano correrá o risco de extinção?
    Apesar de muitos padres também o serem, o próprio Vaticano condena o acto pelo simples facto de ir contra as ordens religiosas, porque que meia dúzia concordam com esse acto doentio?

    Tudo isso resulta da curiosidade do ser humano. Ser gay!!! Como é possível alguém que carrega um pénis entre as pernas resistir a uma beleza tão feminina… isso é doença pessoal. Ou vão dizer que maluco sou eu!!!

    Isto é um cancro social e alguns continuam nessa masmorra psíquica (as vezes até de uma forma inconsciente hahahaha).

    Isso tem sido a melhor tirania de todos os tempos.


    Inoque Miguel Ambriz

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  7. So para rectificar o extremo que esta com S em vez do X.
    escrever de madrugada tem consequências como estas, principalmente quando n se lê o que se escreve. mais ya e essa a mnha opinião acerca dessa doença global. ai fica a ideia.

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  8. Devo admitir que nao leio todos os comentários pois escrevem verdadeiros textos lol,mas nao é mau,eu é que sou preguiçosa.
    Em relaçao ao tema,o casamento entre pessoas do mesmo sexo,para mim nem faz sentido pois ja existe uma lei que diz que todos os casais que vivem sob o mesmo tecto,após 2 ou 3 anos (ja nao m lembro bem)adquirem os mesmos direitos de alguem que se tenha casado,independentemente do sexo dos intervenientes, ou seja, se ja podem ter os mesmos direitos face à lei, porque nao permitir que assinem um papel e o chamem casamento? please...ana

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  9. Inoque nem vou comentar mano,pois nem saberia por onde começar hehe
    mas é isso mesmo, muito obrigado pelos comentários e continua a anotar as tuas ideias, isso é sempre positivo e fico sempre contente...peace

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